Após quatro anos de quebra de
produção, o pavilhão Rota da Castanha voltou a abrir portas aos produtores de
castanha judia que ‘deram a cheirar’ a rainha do certame, a castanha judia de
Denominação de Origem Protegida (DOP).
Ricardo Matias, é um dos jovens
produtores que admite que depois das pragas do castanheiro e da vespa asiática
que provocaram quebras na colheita, este ano é “um ano razoável”, diz.
“Não é como antigamente, mas
sim já há uma quantidade muito significativa. A castanha é mais robusta, grande
e brilhante basicamente como nos anos bons”, disse ao Jornal de Chaves este
produtor no primeiro dia do evento.
Este fruto atraiu milhares de
visitantes que vieram à procura da considerada “melhor castanha da europa” que
foi vendida no certame a quatro euros.
“Estes últimos dias fizemos um
esforço porque choveu muito e tentamos apanhar o máximo para ter aqui à venda.
Costumo vender para compradores locais que vendem depois para o estrangeiro e
trouxe aqui para a feira para vender ao público”, explica Ricardo Matias
admitindo que não tem dificuldades em escoar este produto.
“Normalmente a castanha é um
fruto muito procurado pela zona e no estrangeiro e depois temos os nossos
vizinhos espanhóis que vêm muito e compram”.
Na cerimónia de inauguração desta
mostra do mundo rural, o Presidente da Junta de Freguesia de Carrazedo de
Montenegro e Curros, Carlos Sousa, apontou que "esta feira é feita por
todos nós, pelos que cultivam, pelos que trabalham a terra e pelos que, ano
após ano, fazem da castanha o verdadeiro ouro das Terras de Montenegro (...) É
o nosso cartão de visita, o que nos distingue e o que nos une".
O Presidente da Câmara Municipal,
Jorge Mata Pires, destacou que o certame “há muito ultrapassou as fronteiras
do concelho, afirmando-se como referência regional na valorização da castanha e
dos produtos endógenos do Norte de Portugal”. Sublinhou ainda que este evento
“é uma celebração da nossa ruralidade viva, da força da cooperação e da
capacidade de projetar o nome de Valpaços muito para além das suas fronteiras”.
Referindo-se à castanha como “identidade,
economia, cultura e tradição”, o autarca enalteceu o esforço dos produtores
e das instituições locais que “têm sabido transformar o que a terra nos dá
em oportunidades, riqueza e futuro”.
O Secretário de Estado das
Florestas, Rui Ladeira, enalteceu o trabalho desenvolvido em Valpaços na
valorização da castanha e da floresta, sublinhando “a importância de
políticas públicas que reforcem a gestão sustentável dos recursos florestais e
na criação de valor através dos produtos endógenos”, elogiando o “exemplo
de cooperação e visão estratégica” do município.
Durante a sua intervenção, Rui
Ladeira destacou o valor agrícola do concelho valpacense. “Estamos aqui para
mostrar a proximidade do Governo com o município, com o território, com os
produtores e todos quantos trabalham e granjeiam a terra. Este é um grande
exemplo de produtos extraordinários, não só da castanha judia, mas também
vinho, azeite, amêndoa, mel e tantos outros que chegam além-fronteiras”.
O Secretário de Estado reforçou
ainda o investimento previsto com o aproveitamento hidroagrícola de Masseiras,
considerado “essencial” para garantir água e sustentabilidade na
produção local. “É um investimento arrojado e determinante, porque a água é
o elemento central para a agricultura e para este território”, destacou.
GOVERNO JÁ ENTREGOU MAIS DE
5,5 ME AOS AFETADOS PELOS INCÊNDIOS
No setor dos incêndios, o
governante anunciou que desde setembro foram entregues mais de 5,5 milhões de
euros aos agricultores para respostas imediatas de recuperação e sublinhou que
o foco agora está na prevenção. “Terminada a época dos incêndios, estamos a
trabalhar na preparação da próxima, diminuindo o risco com gestão de
combustível, silvicultura e uso controlado do fogo.”
Rui Ladeira anunciou que “brevemente”
serão entregues máquinas pesadas, bulldozers, às Comunidades Intermunicipais do
Norte e tratores com destroçadores aos municípios, “reforçando as
capacidades de prevenção e manutenção dos espaços florestais”. As equipas
de sapadores florestais, cuja atuação é considerada essencial, passam também a
ter protocolos anuais reforçados.
A cerimónia contou com a presença
dos Sapadores Florestais do Município de Valpaços e com os Bombeiros
Voluntários de Carrazedo de Montenegro. A atuação da Banda Musical de Carrazedo
de Montenegro abrilhantou a tarde e, marcou, simbolicamente, o início de três
dias de festa dedicados à rainha da região, a castanha judia.
Este ano, o evento contou com 87
expositores de castanha, acompanhada pela doçaria e pelas iguarias feitas à
base deste fruto, mas também de vinho, azeite, fumeiro, Folar de Valpaços, pão,
mel, artesanato e frutos secos.
A produção de castanha no
concelho de Valpaços triplicou, em relação aos anos anteriores. Apesar da perda
de calibre, o fruto é de qualidade garantiram os produtores e o Município.
O programa contou ainda com
atuações de bandas musicais e ranchos folclóricos, concurso da castanha,
magusto, provas e degustações de vinhos, animação de rua com bombos e
concertinas e o já tradicional bolo de castanha de 600, quilos confecionado
pela Comitiva de Beynat, vila francesa geminada com Carrazedo de Montenegro, e
partilhado com o público na tarde de domingo.
O evento foi organizado pela
Junta de Freguesia de Carrazedo de Montenegro e Curros, pelo Município de
Valpaços e pela EHATB, Empreendimentos Hidroeléctricos do Alto Tâmega e
Barroso.
CAPITAL DA CASTANHA GANHA
CENTRO INTERPRETATIVO DA JUDIA
A vila de Carrazedo de
Montenegro, no concelho de Valpaços, terá um Centro Interpretativo da Castanha
Judia, um investimento superior a 1.5 milhões de euros na valorização da
castanha judia, espécie predominante no concelho.
O espaço ficará localizado junto
à Igreja Matriz da vila, numa zona histórica, e resultará “num local de
conhecimento de memória e de experiência viva, onde se cruzará a história, a
ciência, a cultura e a identidade deste território”, referiu o Presidente
da Câmara Municipal de Valpaços, durante a sessão solene de abertura da 28ª
edição da Feira da Castanha Judia que decorreu de 07 a 09 de novembro no
Pavilhão Rota da Castanha.
Jorge Mata Pires explicou que o centro
interpretativo assumirá também “um papel essencial na qualificação e
valorização do património histórico edificado, reforçando a ligação entre o
passado e o futuro, entre a tradição e a inovação”.
O equipamento cultural permitirá
“falar de castanha durante o ano todo”, refere o autarca que anunciou
ainda a construção do equipamento hidroagrícola de Masseiras, considerando “uma
infraestrutura determinante para o futuro económico e agrícola do território”.
O autarca enalteceu ainda a
distinção de Valpaços como ‘Cidade Europeia dos Produtos Biológicos', “um
reconhecimento internacional que reflete o trabalho consistente de valorização
dos nossos recursos naturais e das nossas práticas agrícolas sustentáveis”.
CARRAZEDO DE MONTEGRO ACOLHERÁ
ENCONTRO EUROPEU DA CASTANHA
A vila de Carrazedo de Montenegro
acolherá em setembro do próximo ano, o 16ª Encontro Europeu da Castanha, e
contará com perto de 300 pessoas ligadas ao setor a nível mundial.
“É um evento definição
internacional que reforçará o papel desse território no centro de excelência e
conhecimento do setor”, destacou o Presidente do Município de Valpaços.
A iniciativa será coorganizada
pela Refcast – Associação Portuguesa da Castanha, pela Agrifuturo – Associação
de Agricultores para Valorizar o Futuro, Câmara Municipal de Valpaços,Junta de
Freguesia de Carrazedo de Montenegro e Curros e Eurocastanea – European
Chestnut Network.
O encontro reforçará a
importância da castanha, onde durante quatro dias, os oradores falarão dos
problemas da castanha e de outros assuntos ligados ao setor.
Sara Esteves
Fotos: Carlos Daniel Morais
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