Maioria dos candidatos aberta a negociações, Chega recusa coligações pós-eleitorais
No debate promovido na sexta-feira, 03 de outubro, pelo Canal Alto Tâmega, Jornal de Chaves e Rádio Alto Tâmega FM aos cinco candidatos à Câmara Municipal de Chaves, apenas a candidata do Chega, Manuela Tender, afastou a hipótese de coligações pós-eleitorais.
Num retrato político de Chaves,
quatro dos cinco candidatos à Câmara Municipal de Chaves admitiram que em
cenário de ausência de maioria estão abertos a negociações.
Manuel Cunha, candidato pela
sexta vez à autarquia de Chaves pela CDU referiu que o partido “faz sempre parte das soluções” e que no
caso das eleições não o colocarem como presidente de Câmara, mas o colocarem
como vereador e a posição desse vereador for decisiva, “a CDU nunca fará parte de força de bloqueio”.
Também Nuno Vaz, atual presidente
da Câmara Municipal e recandidato a um terceiro mandato pelo Partido
Socialista, mostrou-se confiante em renovar maioria absoluta, mas admitiu
aceitar “qualquer solução que os
flavienses ditarem” e nesse caso liderar uma coligação pós-eleitoral.
“Enquanto democrata aceitarei o resultado, o somatório das vontades
individuais dos eleitores, dos flavienses que quiserem, mas estou confiante que
vamos renovar esse contrato de confiança e a maioria absoluta, é essa a minha
convicção”, disse o candidato em debate.
John Alves, cabeça de lista do
movimento independente Plano C já havia admitido que seria uma vitória caso
conseguissem eleger um vereador e para a assembleia municipal e quando
questionado, não descartou a hipótese de se sentar à mesa das negociações. “Eleger no 12 outubro um vereador e para
assembleia é um objetivo para o qual estamos a trabalhar. Caso necessário
estaremos na mesa para discutir aquilo que for melhor para o nosso concelho”.
Como independentes “não temos qualquer limitação ao nível de um
partido com quem devemos dialogar ou não. Queremos ser parte da solução e não
queremos, de todo, estar a incapacitar uma equipa para trabalhar durante quatro
anos por isso, caso a caso estaremos na mesa para discutir aquilo que for
preciso discutir”, afirmou.
Marcelo Delgado, líder da
candidatura Chaves Mais, que une três forças políticas, PSD, CDS-PP e
Iniciativa Liberal (IL), referiu que esta coligação estará “sempre disponível”, “em nome da defesa do interesse público de
Chaves, em nome do concelho de Chaves e em nome das suas gentes eu poder ter
uma posição construtiva para poder governar a cidade Chaves”.
O independente admitiu “respeitar ou xadrez político e as escolhas
dos flavienses nomeadamente o mosaico político que sairá das eleições”.
Já Manuela Tender, atual deputada
da Assembleia da República pelo Chega e candidata pela primeira vez à Câmara
Municipal de Chaves pelo partido de André Ventura aspira conseguir ser poder em
Chaves e uma vez que tem “um projeto alternativo [para Chaves] não podemos
admitir uma coligação, está fora de questão”, frisou a ex-vereadora da Câmara
do PSD.
“O que nós colocamos em cima da mesa é se ganhar a Câmara de Chaves
ficarei em Chaves como presidente, se for eleita vereadora aceitarei o cargo e
sem qualquer coligação pós-eleitoral”, confirmou.
Ao longo do debate foram
discutidos temas como o termalismo, onde Manuel Cunha defendeu a utilização das
Termas por parte dos flavienses, e assumiu ser necessário realizar “promoção ativa” para que os flavienses
utilizem mais as termas, sendo este um ativo do concelho com benefícios para a
saúde. O médico abordou condições favoráveis para o acesso (preços, tempos).
Na área termal Nuno Vaz admitiu a
realização das Piscinas Municipais, que estão “em processo de contratualização” e a realização de uma piscina de
ondas na Quinta do Rebentão. O candidato disse ainda que a concessão das águas
de Vidago é da Unicer, e que o Balneário Pedagógico de Vidago, além de ser
menor, nunca poderá ter o mesmo número de aquistas que as Termas de Chaves
porque “responde a um conjunto de
patologias menores e a de Vidago é fria”. Contudo Nuno Vaz admitiu que no
balneário pedagógico pode ser melhorado o seu desempenho térmico, aumentado os
seus recursos e o uso da própria comunidade. Na vertente turística, assegurou a
necessidade “de uma dinâmica de atividade
pública e para isso precisamos do setor privado para fazer investimento”.
O candidato do Plano C defende
que o principal objetivo da candidatura é fazer regressar ao concelho pessoas
que estão fora do Chaves, sejam elas jovens ou adultas, atraindo de início
pessoas que trabalham ou venham a laborar de forma remota. “Há
muitos flavienses que poderiam voltar para Chaves tendo em conta essa
realidade”. John Alves fala ainda num gabinete de apoio ao empresário que
opera no concelho ou/e que venha a operar em Chaves. O independente disse ainda
que era necessário criar espaços de coworking e na hora de definir uma
estratégia é importante a habitação.
Marcelo Delgado defendeu a
criação de um portal de transparência com orçamentos, despesas, projetos e toda
a atividade do executivo para escrutínio dos cidadãos. O independente disse ser
“necessário avançar para a criação de uma
cultura mais participativa” “(…) e criar mecanismos que permita ao cidadão
estar informado sobre as atividades municipais que são desenvolvidas permitindo
um controlo público natural dos cidadãos relativamente à ação política”. O
candidato abordou ainda a criação de um portal de denúncia, e quando
questionado sobre a dívida pública da autarquia, reconheceu o trabalho
realizado para a sua ‘redução’.
A candidata do Chega defendeu
trazer para Chaves a ferrovia e a ativação da linha do Corgo. E quando
questionada como iria concretizar esse projeto sendo que muitos apeadeiros e
estações deram lugar a outras infraestruturas, Manuela Tender disse que “não precisa necessariamente ter o mesmo
traçado que tinha antes de ser desativada”. A candidata do Chega a Chaves
admitiu ainda fazer pressão junto do Governo e apelou aos autarcas para terem “uma decisão firme”, neste projeto que
entende como “prioritário e fundamental”.
A deputada da Assembleia da República disse que a ferrovia é um elemento “importante e estruturante para toda a
região”.
No campo da Saúde, Manuel Cunha
mostrou-se contra o projeto da Unidade Local de Saúde do Alto Tâmega e Barroso
e disse ser uma posição “tecnicamente
errada e desajustada da realidade”. O candidato da CDU revela que a maioria
dos profissionais é contra a decisão e acha prioritário discutir a degradação
do Serviço Nacional de Saúde. Disse ainda que a desanexação da ULS de
Trás-os-Montes e Alto Douro é “o golpe da
misericórdia” e “que tem o objetivo
da privatização à distância”.
Na vertente da geotermia, Nuno
Vaz frisou que o projeto piloto de geotermia, aprovado no âmbito de uma
candidatura ao fundo ambiental, e que tem permitido aquecer edifícios públicos
e privados a partir de uma rede de conduta de energia geotérmica poderá ser
alargada no futuro.
“A rede de mais de dois quilómetros está feita e chegará a 25
edifícios. (…) estamos a trabalhar para que possamos demonstrar dentro de três
a quatro anos que este projeto piloto tem potencialidade e possa de servir mais
populações”.
No setor turístico, John Alves
prevê reabilitar o Km 0 da Estrada Nacional 2 tornando-o como uma referência
para quem chega ao território e admite introduzir uma taxa turística de um euro
por noite a fim de garantir a manutenção de espaços do concelho limpos e em bom
estado. “Estamos a falar de um valor
simbólico que provavelmente não vai dissuadir o turista a visitar a cidade”.
No que concerne à parte
ambiental, o rio Tâmega esteve em conversa, com Marcelo Delgado a admitir que o
problema da despoluição do rio é um processo moroso e que o Estado tem que ser
responsável pela preservação dos seus bens ambientais, e que tem de ser envolvido
os dois estados português e espanhol e os municípios.
Também a educação foi abordada
por Manuela Tender que referiu que o ensino superior público no concelho deve
ser reforçado e no ensino secundário defendeu a necessidade de se continuar a
investir na requalificação das escolas. A candidata falou ainda na necessidade
da manutenção regular de equipamentos escolares.
O PS, com Nuno Vaz, ganhou as
eleições para o município em 2021 com 54,55% dos votos, reunindo as
preferências de 12.989 eleitores e obtendo quatro mandatos. O PSD conseguiu
três mandatos, correspondentes a 8.674 votos (36,43%) e a CDU ficou em terceiro
lugar com 760 votos (3,19%).
Neste município concorrem Marcelo
Delgado que encabeça a Coligação ‘Chaves Mais’ que junta o PSD, CDS-PP e Iniciativa
Liberal (IL), Nuno Vaz, a um terceiro mandato pelo Partido Socialista, Manuel
Cunha, que lidera pela sexta vez a candidatura da CDU, Manuela Tender que
encabeça a candidatura do Chega e John Alves do movimento Plano C.
As autárquicas de 2025 realizam-se
a 12 de outubro.
Sara Esteves
Fotos: Carlos Daniel Morais
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07/10/2025
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