Festa da Literatura percorre Chaves e leva cultura a todos os públicos
De 12 a 15 e nos dias 21 e 22 de novembro, a 9ª edição da Festa da Literatura de Chaves percorre o concelho num roteiro cultural que passa por escolas, aldeias, o Regimento de Infantaria nº 19, o Museu das Termas Romanas e o Estabelecimento Prisional de Chaves. A FLIC arrancou na quinta-feira, 13 de novembro, com uma sessão de abertura que contou com a atuação da Tuna da Universidade Sénior do Rotary de Chaves.
Sob o lema “Toda a arte é uma
forma de literatura”, inspirado em Fernando Pessoa (Álvaro de Campos), a IX
Festa da Literatura de Chaves (FLIC) iniciou na quinta-feira, 13 de novembro,
com um conjunto de atividades desenvolvidas em Chaves. O evento é organizado
pelo Rotary Club de Chaves, Via XVII - Grupo de Artes e Letras e Universidade
Sénior de Rotary de Chaves, em colaboração com o Município, no âmbito do
Protocolo de Colaboração de Desenvolvimento Cultural
O salão Nobre do Rotary Club de
Chaves foi o palco escolhido para dar início a esta festa das ‘letras’, com uma
sessão de abertura que contou com a presença da Presidente do Rotary Club de
Chaves, Manuela Pais, do Vice-presidente da Câmara Municipal de Chaves, Tiago
Caldas, de Ernesto Salgado Areias, Presidente da Comissão executiva do evento,
do Presidente da Assembleia Municipal de Chaves, Anselmo Martins e de António
Sousa e Silva, responsável pela oração de Sapiência.
O momento foi abrilhantado pela
declamação de dois poemas por Manuela Rainho e António Reis Morais. Seguiu-se a
intervenção de Ernesto Areias, Manuela Pais e de Tiago Caldas. O público
assistiu à atuação da Tuna da Universidade Sénior do Rotary Club de Chaves e à
oração de sapiência por António de Sousa e Silva. Neste espaço foi inaugurada
ainda a exposição coletiva dos artistas da VIA XVII “Toda a arte é uma forma de
literatura. Fernando Pessoa”, com curadoria de Dulce Claro.
FLIC: A FESTA DOS SENTIDOS
A Festa da Literatura de Chaves
iniciou em 2016, tendo sido interrompida em 2021, devido à pandemia da
Covid-19. Há nove anos, que a FLIC tem vindo a afirmar a cultura da cidade de
Chaves, onde através do trabalho associativo e voluntário, é dado voz aos
artistas flavienses.
“Esta é uma festa pacífica, sem conflitos entre editoras, sem ideias de
negócios, sem disputas entre empresas que representam os escritores e sem
orçamentos elevados”, disse na sessão de abertura Ernesto Areias. O
Presidente da Comissão executiva deixou ainda a sugestão de ser instituído em
Chaves, o ‘Dia Nacional dos impressores e do livro em Língua Portuguesa’,
cidade onde se acredita ter sido impresso, em 1423, o primeiro livro em Língua
Portuguesa, o Sacramental, redigido por Clemente Sánchez de Vercial.
Também a Presidente do Rotary
Club de Chaves salientou que a força do evento “não está no orçamento”, mas sim, “na capacidade de provocar pessoas, ideias ou lugares e é por isso
estamos todos aqui. A FLIC é uma festa da sociedade civil que une escolas,
universidades, instituições, empresas, leitores e escritores de uma geografia
afetiva e cultural”. Manuela Pais revelou ainda que a FLIC é uma “ponte entre gerações, territórios e
linguagens”, que leva a cultura às salas de aula, aos quartéis, à prisão, às
termas, ao museu, à Universidade Sénior e às praças da cidade. “A FLIC é celebração, música, poesia, fado e
exposições, que ampliam a palavra dita e escrita”, terminou por dizer a
Presidente do Rotary.
O Vice-presidente da Câmara
Municipal, na sua intervenção começou por agradecer ao Rotary Club de Chaves e
à Universidade Sénior a realização do evento, demonstrando “total apoio” da
autarquia para a próxima edição. “Aquilo
que assistimos hoje é o empoderamento por parte da comunidade, neste caso do
Rotary e da Universidade Sénior, de realizarem a Festa da Literatura, que
demonstra claramente a vitalidade da nossa comunidade. A FLIC tem uma vocação
especial para a inclusão assumindo-se claramente como um projeto de
democratização cultural na sua forma mais nobre. A literatura nesta festa é
tratada como uma ferramenta pedagógica de intervenção social que devemos
valorizar e enaltecer e, a prova real disso é que a FLIC leva ao debate e leva
o livro à reflexão e ao imaginário”.
A festa itinerante percorre o
concelho num roteiro cultural que passou na quinta-feira, 13 de novembro, pelas
Termas de Chaves com mesa dedicada a Miguel Torga, com o orador Manuel Araújo,
pelo Estabelecimento Prisional de Chaves com os oradores, José Maldonado,
Ernesto Areias e Gilberto Bandeira que refletiram sobre ‘Os tempos que há
dentro do tempo’ e ainda pelo Regimento de Infantaria nº 19, com uma mesa
orientada pelos oradores Teresa Nobre e Artur Afonso, com o tema ‘Quando as
palavras e o espaço se fazem arte’.
No salão Nobre do Rotary
decorreram sessões de apresentação de livros infantojuvenis dos autores, Carla
Anjos, Inês Cardoso, Sílvia Alves e Marcos Barroco. Este dia encerrou com a
atuação do Coro Infantil do Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins com
coordenação do professor Fonseca.
A FLIC esteve ainda na
sexta-feira, 14 de novembro, na Escola Superior de Hotelaria e Bem-Estar, do
Instituto Politécnico de Bragança (Ernesto Areias e João Madureira), na Escola
Profissional de Chaves (Maria Nobre e Joana Carvalho), e passou pelas escolas
Dr. Júlio Martins (Minês Castanheira e Raquel Patriarca) e Dr. António Granjo
(Domingos Lobo). O evento esteve ainda no Centro de Formação de Chaves (Leon
Machado e Manuel Catumba), e chegou a cerca de 1700 alunos. Neste dia, e no
salão Nobre do Rotary decorreu uma sessão de apresentação de livros e mesas
onde foram abordados os temas: ‘Está tudo nas palavras’ (João Batista, Paula
Chaves, Mariana Carvalho e Tiago Ribeiro; ‘Também com versos se escrevem
cartas’ (Minês Castanheira e Raquel Patriarca); ‘A ressonância dos safanões
ainda se sente nos interstícios das pedras’ (Domingos Lobo e Fernando Dacosta).
O dia terminou com a atuação da Tuna Académica da Universidade Sénior das
Terras de Aguiar (USTAG).
No sábado decorreu um passeio
histórico-literário sobre a República e o Reviralho em Chaves, por Nuno
Pizarro, com visita a dois centros republicanos. De tarde, o Museu das Termas
Romanas foi palco da atuação da Tuna da Rotary, da mesa 14 ‘A literatura numa
folha de Excel’ (Cristina Azevedo à conversa com o jornalista Diogo Caldas),
atuação da Chus Pato & Jorge Melícias (poetas), e da reflexão sobre o tema
‘ O meu tempo já não é tempo ou ainda é tempo’ pelos oradores Carlos Magno,
Cristina Pizarro, Domingos Lobo, Fernando Dacosta e Rúben Sevivas, terminado
com a atuação do Grupo de Fado de Coimbra ‘Trovas e Cantigas’.
A 9ª edição da Festa da
Literatura de Chaves passou ainda por Vidago e termina no dia 22 de novembro em
Vilarelho da Raia, com o tema ‘Cultura no Espaço Rural’, onde será discutido os
‘Caminhos de Santiago e caminhos do futuro’, simbolizando a partilha e o
diálogo que a iniciativa cultural promove há quase uma década, com os oradores
António Montalvão, J.Carlos Sanches e José Maldonado. Haverá ainda atuação da
Tuna do Rotary e da Grupo de Cantares de Vilarelho da Raia.
Sara Esteves
Fotos: Carlos Daniel Morais
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19/11/2025
Cultura
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