Anulada venda de terreno baldio em Montalegre à Lusorecursos

O Tribunal da Relação de Guimarães confirmou a anulação da venda de um terreno baldio por parte de dois agricultores à empresa Lusorecursos, que quer explorar lítio em Montalegre, e a sua restituição aos compartes de Rebordelo.

De acordo com a decisão datada de quinta-feira e que a Agência Lusa teve acesso, os juízes do decidiram julgar “totalmente improcedentes” os recursos apresentados pelo casal, na casa dos 60 anos, de agricultores e pela Lusorecursos e, em consequência, confirmaram a sentença da primeira instância.

O caso está relacionado com a venda de um terreno em Rebordelo por parte de um casal à empresa Lusorecursos, propriedade que o conselho diretivo da Comunidade Local dos Baldios reclama ser sua, denunciando uma venda indevida. No início do ano, o Tribunal de Vila Real deu razão à Comunidade Local de Baldios, tendo declarado ineficaz a escritura de justificação de compra e venda e declarou que o terreno é baldio, propriedade comunitária dos compartes de Rebordelo. O casal foi condenado ao pagamento de uma multa de 510 euros e obrigado a abster-se de praticar quaisquer atos de apropriação. Foi ainda ordenado o cancelamento do registo do terreno realizado a 20 de março de 2020.

O casal e a Lusorecursos recorreram da decisão da primeira instância. A empresa argumentou que a execução imediata da sentença causaria prejuízo considerável e atrasos na operação da concessão, devido à necessidade de deslocar equipamentos, escritórios e zonas de apoio, impedindo a realização de sondagens necessárias ao cumprimento da Declaração de Impacto Ambiental (DIA).

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) viabilizou a exploração de lítio em Montalegre emitindo uma DIA favorável condicionada em setembro de 2023. A empresa quer realizar uma exploração mista, céu aberto e túnel, e a área de concessão é de 825,4 hectares abrangendo as localidades de Morgade, Rebordelo e Carvalhais, no concelho de Montalegre.

 

Sara Esteves

Foto: DR