Maioria dos candidatos aberta a negociações, Chega recusa coligações pós-eleitorais

Num retrato político de Chaves, quatro dos cinco candidatos à Câmara Municipal de Chaves admitiram que em cenário de ausência de maioria estão abertos a negociações.

Manuel Cunha, candidato pela sexta vez à autarquia de Chaves pela CDU referiu que o partido “faz sempre parte das soluções” e que no caso das eleições não o colocarem como presidente de Câmara, mas o colocarem como vereador e a posição desse vereador for decisiva, “a CDU nunca fará parte de força de bloqueio”.

Também Nuno Vaz, atual presidente da Câmara Municipal e recandidato a um terceiro mandato pelo Partido Socialista, mostrou-se confiante em renovar maioria absoluta, mas admitiu aceitar “qualquer solução que os flavienses ditarem” e nesse caso liderar uma coligação pós-eleitoral.

“Enquanto democrata aceitarei o resultado, o somatório das vontades individuais dos eleitores, dos flavienses que quiserem, mas estou confiante que vamos renovar esse contrato de confiança e a maioria absoluta, é essa a minha convicção”, disse o candidato em debate.

John Alves, cabeça de lista do movimento independente Plano C já havia admitido que seria uma vitória caso conseguissem eleger um vereador e para a assembleia municipal e quando questionado, não descartou a hipótese de se sentar à mesa das negociações. “Eleger no 12 outubro um vereador e para assembleia é um objetivo para o qual estamos a trabalhar. Caso necessário estaremos na mesa para discutir aquilo que for melhor para o nosso concelho”.

Como independentes “não temos qualquer limitação ao nível de um partido com quem devemos dialogar ou não. Queremos ser parte da solução e não queremos, de todo, estar a incapacitar uma equipa para trabalhar durante quatro anos por isso, caso a caso estaremos na mesa para discutir aquilo que for preciso discutir”, afirmou.

Marcelo Delgado, líder da candidatura Chaves Mais, que une três forças políticas, PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal (IL), referiu que esta coligação estará “sempre disponível”, “em nome da defesa do interesse público de Chaves, em nome do concelho de Chaves e em nome das suas gentes eu poder ter uma posição construtiva para poder governar a cidade Chaves”.

O independente admitiu “respeitar ou xadrez político e as escolhas dos flavienses nomeadamente o mosaico político que sairá das eleições”.

Já Manuela Tender, atual deputada da Assembleia da República pelo Chega e candidata pela primeira vez à Câmara Municipal de Chaves pelo partido de André Ventura aspira conseguir ser poder em Chaves e uma vez que tem “um projeto alternativo [para Chaves] não podemos admitir uma coligação, está fora de questão”, frisou a ex-vereadora da Câmara do PSD.

“O que nós colocamos em cima da mesa é se ganhar a Câmara de Chaves ficarei em Chaves como presidente, se for eleita vereadora aceitarei o cargo e sem qualquer coligação pós-eleitoral”, confirmou.

Ao longo do debate foram discutidos temas como o termalismo, onde Manuel Cunha defendeu a utilização das Termas por parte dos flavienses, e assumiu ser necessário realizar “promoção ativa” para que os flavienses utilizem mais as termas, sendo este um ativo do concelho com benefícios para a saúde. O médico abordou condições favoráveis para o acesso (preços, tempos).

Na área termal Nuno Vaz admitiu a realização das Piscinas Municipais, que estão “em processo de contratualização” e a realização de uma piscina de ondas na Quinta do Rebentão. O candidato disse ainda que a concessão das águas de Vidago é da Unicer, e que o Balneário Pedagógico de Vidago, além de ser menor, nunca poderá ter o mesmo número de aquistas que as Termas de Chaves porque “responde a um conjunto de patologias menores e a de Vidago é fria”. Contudo Nuno Vaz admitiu que no balneário pedagógico pode ser melhorado o seu desempenho térmico, aumentado os seus recursos e o uso da própria comunidade. Na vertente turística, assegurou a necessidade “de uma dinâmica de atividade pública e para isso precisamos do setor privado para fazer investimento”.

O candidato do Plano C defende que o principal objetivo da candidatura é fazer regressar ao concelho pessoas que estão fora do Chaves, sejam elas jovens ou adultas, atraindo de início pessoas que trabalham ou venham a laborar de forma remota.  “Há muitos flavienses que poderiam voltar para Chaves tendo em conta essa realidade”. John Alves fala ainda num gabinete de apoio ao empresário que opera no concelho ou/e que venha a operar em Chaves. O independente disse ainda que era necessário criar espaços de coworking e na hora de definir uma estratégia é importante a habitação.

Marcelo Delgado defendeu a criação de um portal de transparência com orçamentos, despesas, projetos e toda a atividade do executivo para escrutínio dos cidadãos. O independente disse ser “necessário avançar para a criação de uma cultura mais participativa” “(…) e criar mecanismos que permita ao cidadão estar informado sobre as atividades municipais que são desenvolvidas permitindo um controlo público natural dos cidadãos relativamente à ação política”. O candidato abordou ainda a criação de um portal de denúncia, e quando questionado sobre a dívida pública da autarquia, reconheceu o trabalho realizado para a sua ‘redução’.

A candidata do Chega defendeu trazer para Chaves a ferrovia e a ativação da linha do Corgo. E quando questionada como iria concretizar esse projeto sendo que muitos apeadeiros e estações deram lugar a outras infraestruturas, Manuela Tender disse que “não precisa necessariamente ter o mesmo traçado que tinha antes de ser desativada”. A candidata do Chega a Chaves admitiu ainda fazer pressão junto do Governo e apelou aos autarcas para terem “uma decisão firme”, neste projeto que entende como “prioritário e fundamental”. A deputada da Assembleia da República disse que a ferrovia é um elemento “importante e estruturante para toda a região”.

No campo da Saúde, Manuel Cunha mostrou-se contra o projeto da Unidade Local de Saúde do Alto Tâmega e Barroso e disse ser uma posição “tecnicamente errada e desajustada da realidade”. O candidato da CDU revela que a maioria dos profissionais é contra a decisão e acha prioritário discutir a degradação do Serviço Nacional de Saúde. Disse ainda que a desanexação da ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro é “o golpe da misericórdia” e “que tem o objetivo da privatização à distância”.

Na vertente da geotermia, Nuno Vaz frisou que o projeto piloto de geotermia, aprovado no âmbito de uma candidatura ao fundo ambiental, e que tem permitido aquecer edifícios públicos e privados a partir de uma rede de conduta de energia geotérmica poderá ser alargada no futuro.

“A rede de mais de dois quilómetros está feita e chegará a 25 edifícios. (…) estamos a trabalhar para que possamos demonstrar dentro de três a quatro anos que este projeto piloto tem potencialidade e possa de servir mais populações”.

No setor turístico, John Alves prevê reabilitar o Km 0 da Estrada Nacional 2 tornando-o como uma referência para quem chega ao território e admite introduzir uma taxa turística de um euro por noite a fim de garantir a manutenção de espaços do concelho limpos e em bom estado. “Estamos a falar de um valor simbólico que provavelmente não vai dissuadir o turista a visitar a cidade”.

No que concerne à parte ambiental, o rio Tâmega esteve em conversa, com Marcelo Delgado a admitir que o problema da despoluição do rio é um processo moroso e que o Estado tem que ser responsável pela preservação dos seus bens ambientais, e que tem de ser envolvido os dois estados português e espanhol e os municípios.

Também a educação foi abordada por Manuela Tender que referiu que o ensino superior público no concelho deve ser reforçado e no ensino secundário defendeu a necessidade de se continuar a investir na requalificação das escolas. A candidata falou ainda na necessidade da manutenção regular de equipamentos escolares.

O PS, com Nuno Vaz, ganhou as eleições para o município em 2021 com 54,55% dos votos, reunindo as preferências de 12.989 eleitores e obtendo quatro mandatos. O PSD conseguiu três mandatos, correspondentes a 8.674 votos (36,43%) e a CDU ficou em terceiro lugar com 760 votos (3,19%).

Neste município concorrem Marcelo Delgado que encabeça a Coligação ‘Chaves Mais’ que junta o PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal (IL), Nuno Vaz, a um terceiro mandato pelo Partido Socialista, Manuel Cunha, que lidera pela sexta vez a candidatura da CDU, Manuela Tender que encabeça a candidatura do Chega e John Alves do movimento Plano C.

As autárquicas de 2025 realizam-se a 12 de outubro.

 

Sara Esteves

Fotos: Carlos Daniel Morais